domingo, 5 de janeiro de 2014

09/11/2013 - Sábado - Porto Nacional - Brasília

   Dia de passeio. A BR010 tem o visual de várias serras e da Chapada dos Veadeiros. Segui viagem contornando os morros e desviando das chuvas, escapa daqui e dali e cheguei seco em Brasília.


 Primeira parada em Brasília para agradecer a boa sorte!


FIM

08/11/2013 - Sexta-Feira - Imperatriz - Porto Nacional

    Tomei meu café da manhã e voltei para a estrada para o trecho mais movimentado da Belém-Brasília. Esse foi o dia mais estrada-cansativa da viagem, vários trechos estão em obras. Fui seguindo meu ritmo e no final do dia deixei a Belém-Brasília para entrar na BR-010. Trata-se de uma opção com muito menos tráfego e com um lindo visual.

    Mais uma vez optei por não entrar em Palmas e segui direto para Porto Nacional. Ótima escolha. A cidade é muito acolhedora e ainda tive tempo de tomar um banho na prainha da represa da usina do Lajedo.



07/11/2013 - Quinta-Feira - Belém - Imperatriz

    Acordei não muito cedo, tomei meu café da manhã e me despedi dos meus anfitriões. Hora de voltar para estrada. Depois de quase uma semana navegando estava sentindo falta de rodar, acelerar minha moto, primeiro rumo leste até Santa Maria do Pará, depois rumo sul, direto para Brasília. Mas não tão rápido, com 3 dias para rodar os 2100km deu tempo para curtir um pouco.

    Cheguei a Imperatriz no final do dia, hora do rush. Nossas cidades cresceram demais. Muitos carros e motos, falta rua, falta calçada, falta tudo, até vaga em hotel. Acabei me hospedando perto da antiga rodoviária. Lugar simples mas com garagem e um banheiro pitoresco. Saí a noite para jantar na beira do rio.


06/11/2013 - Quarta-Feira - Belém

    Tirei o dia para colocar algumas coisas em ordem e dar uma passada no banco recompor o caixa. Belém tem algumas peculiaridades. Por exemplo, na saída do banco você pode comprar um quilo de camarão por 20 reais e preparar um petisco para a hora do almoço. E foi o que fizemos!


    A noite visitei a família da Rita, amiga da Nazaré e minha amiga deste 2010 quando passei em Belém vindo do Monte Roraima. Sempre me aguardam com um cafezinho e uma boa conversa com suas filhas Rebeca e Elizabeth.
   Mais tarde encontrei meus amigos Luciléo e Lucivan num espetinho e assistimos ao jogo do Flamengo, claro que eu sequei, rubro-negro comigo não tem vez. (risos)

05/11/2013 - Terça-Feira - Manaus - Belém (Chegada)

    Chegamos à Belém já à noite. Apesar de ter curtido cada momento no barco, já sentia nas costas a necessidade de dormir numa cama, e cama em Belém eu tenho uma sempre me esperando na casa da Nazaré e do Painho. Mais uma vez liguei para eles informando que chegaria tarde, mais uma vez me receberiam. Me despedi dos amigos do navio, alguns ainda dormiriam embarcados, retirei a moto do convés inferior. Maré baixa, pranchões de madeira, barco afastado do cais, sempre do jeito mais emocionante. Carreguei minhas coisas e tratei de sair do porto. Alguma burocracia. O pessoal do navio não registrou o transporte dos veículos. Tive que falar com o administrador de plantão para me liberar. Talvez ele tenha visto algo de insatisfação no meu semblante e liberou logo minha saída. Pronto, ganhei a rua e segui direto para casa dos meus amigos.

2 a 4/11/2013 - Manaus - Belém (Os dias no navio)

    Não imaginem o meu navio como um transatlântico, no Norte 'navio' é como são chamados os barcos de ferro ou aço. Se for de madeira é barco mesmo. A primeira providência ao embarcar é armar sua rede. Eu prefiro o espaço aberto, sem ar condicionado. Também é importante ficar longe dos banheiros e do bar do navio. Eu havia ido até o barco bem cedo no dia da partida para  reservar meu lugar. Quando voltei, dois jovens estrangeiros haviam movido a minha rede e me espremeram. Fiquei pau da vida. A rede de cada um é sagrada , não se mexe. Mudar de local então?! Ofensa gravíssima. Eu não conseguiria viajar ao lado dos tais, ainda mais que reclamei e fizeram cara de desentendidos. Peguei minha rede e mudei para uma vizinhança melhor, ao um lado um casal que estava mais “interessado” um no outro e de uma turista da Áustria, a Anna. A Anna acabou sendo minha companhia em praticamente todas as refeições. Interessante a disposição dela algum tempo atrás veio ao Brasil numa viagem em grupo, gostou do país e decidiu voltar sozinha. Falando pouquíssimo português, estava feliz da vida dormindo em hotéis de selva, albergues e rede. Gosto do espírito jovem, afinal estou nessa também!


    A rotina do navio é acordar cedo, não tem outra forma, o pessoal começa a se movimentar logo que o dia amanhece. É servido o café da manhã, que neste navio é pago, (normalmente o café é grátis). Depois rola mais uma preguiça na rede. Levanta-se e sempre se encontra alguém para conversar. No dia da partida encontrei dois amigos paranaenses de Coronel Vivida, O Luciano e o Wagner. Viajavam de camionete e como eu, só conseguiram embarcar o carro a noite. Mas é claro, a noite fica mais emocionante, parece que tudo nesses portos é feito do jeito difícil.

    Durante a noite já trocamos umas informações, eles fariam a Transamazônica até Marabá, um trecho que estava nos meus planos, mas que desisti após ver a previsão de chuvas para a região. Durante os três dias que navegamos até Santarém conversamos muito. Bons companheiros e amigos de estrada, ou rio. Nas nossas rodas de conversa estava também um casal de italianos de Cremona, a Nirmy e o Federico. Uma característica dos mochileiros mais jovens é fazer tudo da forma mais barata para poder ficar mais tempo viajando. Um exemplo, estavam no Pantanal Sul e para chegarem ao Amazonas tomaram um ônibus na Bolívia por ser mais barato. Eles contaram que a viagem foi muito desconfortável, mas que valeu a pena! Quando desembarcaram em Santarém eles seguiriam de carona com nossos amigos na camionete.

   A partir de Santarém os amigos se renovaram. Continuei com a companhia da Anna nas refeições e juntou-se a nós a Pauline, jovem holandesa que estava no fim de uma viagem de um ano pela América do Sul. Para viajar sozinha esse período economizou dinheiro trabalhando no McDonalds. Muito divertida e despachada com muita experiência em mochilão pela idade que tem. Conversamos muito, tanto que perdi a voz no final do dia. Nas novas rodas de conversa ainda participaram a Flore, da Bélgica, também viajando sozinha, estava vindo de Iquitos, Peru, pelo rio Amazonas e o Paulinho, trabalhador da Petrobras, gente finíssima, aproveitava a folga da escala para visitar a família. Estes foram alguns passageiros com quem passei mais tempo, mas haviam muitos outros. Um senhor que acabara de separar da mulher e o assunto era só esse. Outro que fora a Manaus atrás de documentos necessários para sua aposentadoria e estava completamente desprovido de recursos, tanto que o Paulinho organizou uma vaquinha e ainda apadrinhou ele no navio para que fosse respeitado pela tripulação. Muitas histórias que se passam num ambiente confinado com pessoas completamente diferentes, mas que de alguma forma trocam algo, deixam uma palavra, um sorriso ou um olhar, experiência para a vida.



01/11/2013 - Sexta-Feira - Manaus - Belém (Partida)

    O horário de saída do navio estava marcado para 14h. Tinha tempo de me organizar. Comprei alguns itens de higiene, uns biscoitos, caderno para anotações, tudo para melhorar a vida a bordo. Almocei pouco antes do meio dia. Obviamente, num ótimo buffet por quilo  com churrasco. Não há restaurante melhor no mundo. Pelo menos no mundo que eu conheço. Segui para o porto e lá estava o navio, vi minha moto ainda no cais, o navio cheio de cebola e farinha. Seria uma longa espera. Partimos quase nove horas da noite.